segunda-feira, 30 de junho de 2014

Igualdade e Liberdade

Somos todos iguais, o que nos diferencia são as nossas escolhas.
Fatores externos podem intervir na nossa forma de agir e ver o mundo, mas no fundo o que determina para onde vamos, quem seremos na vida, são as nossas convicções.

Raimunda: Toc-toc...

Edmunda: Quem é?

Raimunda: Uma criatura cheia de dúvidas...

Edmunda: O que te aflige?

Raimunda: A princípio todas as pessoas são iguais, mas existem pessoas que surpreendem e por isso se destacam. Até que ponto nossa liberdade de escolha interfere no papel que vamos desempenhar no mundo e até que ponto esse papel é ditado pela nossa natureza?

Edmunda: Que medo!? Quanta profundidade!

Raimunda; É sério! Quer um exemplo?

Edmunda: Estou te levando a sério! Continue...

Raimunda: Beethoven é um dos grandes gênios da música, porém sofreu uma surdez progressiva. Surpreendentemente, suas principais obras foram compostas quando sua surdez já estava bem avançada. Ele poderia ter se deprimido com a doença e abandonado a música. Se isso acontecesse, poderíamos ignorar sua história hoje...

Edmunda: Verdade! Essa foi uma escolha importante...

Raimunda: Voltando para as pessoas normais... rsrsrsrsrs... existem pessoas que apresentam grandes talentos na infância e os abandonam ao longo da vida. Também existem deficientes que apesar de tudo e de todos correm atrás de seus sonhos  e vivem melhor do que muita gente que seria considerada "normal".

Edmunda: Nesses casos a facilidade pode ser um limitador e a dificuldade, um grande incentivador..

Raimunda: Por isso, eu acredito que qualquer um pode fazer qualquer coisa. O que nos poda ou nos dá asas são as nossas convicções e a nossa força de vontade.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cultura e Educação

Essa tal humanidade é muito estranha mesmo...
Como pode!? Criaturas tão parecidas com comportamentos tão diversos???
Nem sempre o que é educado para uns é aceitável para outros. E o pior, nem sempre o que é consensualmente educado, é praticado por todos.

Edmunda: Raimundaaaaaaaaaaaa...

Raimunda: O que foiiiiiiiiiiii??

Edmunda: Nada de mais, só estou com vontade de mexer um pouco com a sua cabeça...

Raimunda: Só isso né... e ainda diz que não é nada de mais!?

Edmunda: Você já parou para observar o quanto os comportamentos humanos são diferentes?

Raimunda: Você está falando de questões culturais como o arroto que em alguns lugares é sinal de educação e em outros de falta dela?

Edmunda: Sim, mas é lógico que quero ir além disso...

Raimunda: Que inocência a minha! Qual a grande questão do dia?

Edmunda: Lixo.

Raimunda: Lixo!?

Edmunda: Sim, Lixo. Você já reparou como no ocidente o lixo é ligado a uma ideia de inferioridade e por isso quem lida com ele muitas vezes é rejeitado, é colocado à margem?

Raimunda: Sim, um exemplo são os garis que são invisíveis para maioria das pessoas. E o que eu acho pior é que as pessoas se acham no direito de jogar lixo na rua "para garantir o emprego do gari", mas é claro que não aceitam o mesmo comportamento em casa.

Edmunda: É exatamente nesse ponto que eu queria chegar. Olha que contraditório: a mãe ensina o filho que jogar lixo no chão é feio, mas a mesma mãe o ensina a jogar lixo na rua.

Raimunda: Será que isso é um resquício daquela ideia antiga de que existem humanos superiores e inferiores e por isso seria aceitável, inclusive, a escravidão?

Edmunda: Pode ser que sim... Fato é que existe uma influência cultural muito forte nisso. Países que seguem o budismo, por exemplo, acreditam que os objetos também tem alma e por isso devem ser tratados com zelo e gratidão.

Raimunda: Um ambiente limpo também é relacionado à pureza ao sagrado e, por isso para alguns povos manter o ambiente limpo é uma questão de honra.

Edmunda: Se todos pensassem assim não seria bem melhor? Olha como a interação entre os povos pode ser enriquecedora....

Raimunda: Verdade...

Quem dera que o simples fato de algo ter alma fosse suficiente para que as pessoas o tratassem com cuidado...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Perfeição

Ah! Quantas inquietações povoam a alma humana...
Será mesmo que a felicidade é o fim? Ou seria ela o meio?
E a perfeição? Seria uma meta divina a ser atingida ou um conceito humano, mutável ao longo de gerações?

Raimunda: É muito estranho... na busca pela felicidade, há também uma busca pela perfeição, por cenários ideais...

Edmunda: E o que tem de estranho nisso?

Raimunda: Me parece que a felicidade é incompatível com a perfeição. A felicidade é leve e a perfeição é densa, pesada.

Edmunda: Interessante... mas esse peso seria da perfeição ou do seu processo de busca?

Raimunda: ???

Edmunda: A busca pela perfeição pode se tornar obsessiva e por isso ser um fardo. Mas a perfeição não pode ser pesada, isso a descaracterizaria, não?

Raimunda: É... certo... mas o perfeito é inatingível, exige atenção aos detalhes e aperfeiçoamentos constantes.

Edmunda: E desde quando isso é ruim? Você não acha que se fosse diferente a vida seria enfadonha e perderia o sentido?

Raimunda: Ás vezes quando está tudo bem, quando se cai na rotina, também bate um tédio, uma necessidade de mudança...

Edmunda: E o que é mesmo a perfeição? Um conjunto de padrões que a sociedade considera ideais? Por que esses padrões deveriam funcionar pra todos?

Raimunda: Na verdade esses padrões são ações e comportamentos que deveriam nos levar à felicidade, mas eu acredito que cada pessoa experimenta a felicidade de forma própria.

Edmunda: Se você pensar nos padrões de beleza também vai perceber que a beleza é relativa. Não é porque uma pessoa reúne características que são consideradas padrões de beleza, que necessariamente ela é bonita...

Raimunda: Não é atoa que existe a “Beleza Exótica”... Será que tudo é relativo? Até a perfeição?

O jeito é buscar os próprios padrões, ou a falta deles...
Encontrar um meio de produzir a própria fórmula da felicidade...

domingo, 15 de junho de 2014

DOIS MUNDOS




   Quanta imensidão no mar...
   Na terra...
   No céu...
   No ar...

   E eu aqui nessa província tão pequena...
   Tão curta...
   Tão apertada...
   Tão limitada...

   Que sufoco!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

FACHADAS

Ah! As relações humanas...
Superficiais ou profundas, são tão complexas!

Raimunda: Nessa história de cooperação. como é que ficam "Os Caras Valentes" e "As Santinhas"?

Edmunda: E quando foi que eles entraram? Perdi essa parte...

Raimunda: Concentra aqui comigo: O Cara Valente é aquele que se faz de durão, que está sempre na defensiva...

Edmunda: Hummm... adoooooooooooro!

Raimunda: É pra concentrar esqueceu?

Edmunda: Foi mal... continua...

Raimunda: A Santinha é a boazinha, certinha, bem comportadinha, pelo menos para maioria do público.

Edmunda: Público!?

Raimunda: Calma! Você já vai entender... os dois personagens são assumidos para proteção, mas principalmente pelos benefícios que geram a seus interpretes.

Edmunda: Que tipo de benefícios?

Raimunda: A cooperação pode ser conquistada tanto pelo afeto quanto pelo medo, pode ser voluntária ou involuntária, consciente ou inconsciente...

Edmunda: Entendi! Mas onde você quer chegar?

Raimunda: Elementar, minha cara! Esses dois personagens são extremos, mantê-los pode custar muito...

Edmunda: E...

Raimunda: A minha dúvida é se essa armadura inibe ou aflora a criatividade dos seus usuários.

Edmunda: Agora eu não entendi nada...

Raimunda: Como eu já disse, manter esses personagens pode custar caro... Então, para escapar deste fardo as pessoas teriam que usar sua criatividade...

Edmunda: Tá... e aí...

Raimunda: Acontece que esses não são os únicos personagens que adotamos. Todos os dias temos que seguir uma série de regras de comportamento, que nos privam de inúmeros prazeres. Essas sim, nos podam, acabam com nossa espontaneidade e podem acabar com a nossa criatividade.

Edmunda: E você queria o que? Anarquia?

Raimunda: Eu entendo que essas regras são necessárias para manter o mínimo de ordem, o que me incomoda é a rigidez...

Edmunda: Mas a rigidez depende das pessoas envolvidas...

Raimunda: Claro! E é aí que entra a cooperação de novo, para se ter sucesso na vida é preciso ter boas relações. Para isso é necessário deixar boas impressões, saber manipular bem os personagens...

Edmunda: É... parece que a vida é uma grande encenação improvisada, onde vão se assumindo personagens de acordo com os cenários que surgem. Com o sucesso ou insucesso deles, vai se levando a vida...

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Cooperação

Após a euforia da festa, Raimunda se voltou para dentro novamente. Novas questões a incomodavam...

Raimunda: Estava aqui pensando sobre cooperação, o que motiva as pessoas a se ajudarem???

Edmunda: Sobrevivência, ora essa!

Raimunda: É pouco... tem que ter algo a mais...

Edmunda: O que teria a mais?

Raimunda: Não sei... talvez empatia... ao perceber o outro em uma situação de risco e se sentir no seu lugar, o homem age cooperativamente, é o que chamamos de Solidariedade.

Edmunda: E isso não seria uma forma de sobrevivência? Não é a sobrevivência individual, mas a coletiva.

Raimunda: Certo... mas eu acho que o homem ainda precisa de uma motivação a mais, algo além da sobrevivência para ser cooperativo.

Edmunda: Então vamos lá... O homem é um ser coletivo, já falamos disso antes... a coletividade exige cooperação e ambas são fundamentais para sobrevivência. Por que você tem que complicar as coisas?

Raimunda: Tudo bem, eu até concordo com você. Mas o homem não é cooperativo só em ações solidárias, só para o bem... as guerras também exigem cooperação.

Edmunda: É... nesse caso a sensação de poder e de superioridade é um motivador importante...

Raimunda: E a alegria?

Edmunda: Hãn!? O que uma coisa tem a ver com a outra?

Raimunda: O homem está em uma busca constante pela felicidade. Tudo o que o homem faz em ultima análise é para ser feliz. Pessoas solidárias relatam prazer em fazer o bem, a sensação de poder também é uma forma de prazer, também gera alegria.

Edmunda: Ok... A cooperação ocorre para sobrevivência e felicidade das partes.

Raimunda: Mas...

Edmunda: Tinha que ter um mas...

Raimunda: O prazer, a geração de alegria é ao mesmo tempo benéfica e prejudicial.

Edmunda: Por que?

Raimunda: Observe a história de Ícaro e Dédalo... os dois construíram asas para fugir do labirinto, mas Ícaro acabou morrendo antes de completar a fuga porque se deixou levar pelos prazeres que descobriu ao voar.

Edmunda: Que exemplo!

Raimunda: É sério! Através da cooperação o homem pode realizar grandes feitos, mas é preciso respeitar a finalidade de cada cooperação.

Edmunda: E entramos no drama das  relações humanas...

Raimunda: Estamos desde o início. Não existe cooperação sem interação.

Edmunda: Verdade...